domingo, 15 de maio de 2016

O Golpe No Brasil - No Fascismo, o Mito Substitui a Razão



*Fascismo forma de radicalismo político autoritário nacionalista, com destaque no início do século XX na Europa.
*Os fascistas procuravam unificar sua nação através de um Estado totalitário que promove a vigilância, um estado forte, a mobilização em massa da comunidade nacional, confiando em um partido de vanguarda para iniciar uma revolução e organizar a nação em princípios fascistas hostis a todas as vertentes do marxismo, desde o comunismo totalitário ao socialismo democrático.
*Os movimentos fascistas compartilham certas características comuns, incluindo a veneração ao Estado, a devoção a um líder forte e uma ênfase em ultranacionalismo, etnocentrismo e militarismo. *O fascismo vê a violência política, a guerra, e o imperialismo como meios para alcançar o rejuvenescimento nacional e afirma que as nações e raças consideradas superiores devem obter espaço deslocando ou eliminando aquelas consideradas fracas ou inferiores... 
*Defendeu uma economia mista, com o objetivo principal de conseguir autarquia para garantir a autossuficiência, e a independência nacional através de protecionismo e políticas econômicas que intercalam intervencionismo e privatização.

Barthes ...  e os Petralhas, Esquerdistas, Comunas
*As afirmações, quando não os berros, prescindem de raciocínio ou, até, de racionalidade.

*São mitômanos e o mito é “o produto de uma determinada classe social dominante que acaba por ser incorporado pelos membros da classe dominada, mesmo quando vai contra os seus próprios interesses.

*O tema de hoje é a vulgata que todos estamos habituados a ver nas ruas, nas redes sociais: "cuba”, “venezuela”, “bolivarismo”, “esquerdista”, “petralha”, “comuna” e por aí vai...  Quem profere expressões como essas julga ser portador de uma verdade inquestionável.

*Ou seja, as pessoas acreditam nos poderes mágicos de palavras que, uma vez emitidas, lançam um anátema inescapável sobre o interlocutor.

*O fato é que todas essas palavras são cifradas e fazem parte de uma formação que o pensador francês Roland Barthes denominou “mito”.

*Barthes mantém o conceito no seu significado tradicional filosófico, ou seja, o de um discurso alegórico ou narrativa lendária que pretende dar um fundamento de natureza para a construção dos valores básicos dos povos.

*O semiólogo transporta esse conceito para os tempos modernos, pois, em seu entender, o quotidiano das sociedades contemporâneas está repleto de mitos – os pequenos e os grandes – que devem ser decifrados e revelados.
*Uma tese que ganha corpo com a revolução digital.  Apesar de ter mais de meio século, a teoria do mito mantém o seu fulgor e é uma ferramenta teórica que permite descortinar, de maneira eficiente, as contradições que marcam a evolução da sociedade atual.

*O mito é o meio para um fim: a imposição de uma certa ideologia (entendida aqui no sentido marxista, como uma consciência deformada) para a legitimação de uma ordem estabelecida.


*O mito encontra-se espalhado por todo o tecido social, seja no direito, na moral, na educação, na família ou na política.


*Mas é nos veículos de comunicação de massa – os grandes vetores de produção simbólica dos nossos tempos – que ele se torna mais cintilante.
*O mito tem a função de naturalizar a história e engessar o mundo, de forma a impedir a transformação.

*Neste contexto, o pensador faz uma denúncia da ideologia burguesa e pequeno-burguesa (o pequeno-burguês é o indivíduo por quem ele nutre uma profunda antipatia), que cria uma espécie de falsa natureza.

*Mas o que se entende por naturalização da história? É fazer com que os indivíduos aceitem determinados fatos como naturais, negligenciando as suas implicações sociais e históricas.

*O mito é, portanto, o produto de uma determinada classe social dominante que acaba por ser incorporado pelos membros da classe dominada, mesmo quando vai contra os seus próprios interesses.

*Produzir essa aceitação – pela naturalização – é a sua função. 


*Enfim, mito e ideologia são parentes muito próximos: entrelaçam-se, confundem-se são categorias incontornáveis para desmascarar o processo de legitimação da sociedade burguesa.

*O mito tem que ser invisível e natural, porque a sua identificação apontaria sempre para uma tentativa de manipulação.

*Barthes diz que o mito não é nem uma mentira nem uma confissão: é uma distorção.

*A sua função, na passagem da história à natureza, é despolitizar os fatos, transformando-os em coisas simples, inocentes.

*Não interessa a interdição, mas a exposição. É por isso que todos os dias a vulgata citada no início deste texto é repetida ad nauseam...


*Barthes diz que o mito e a direita andam atrelados. E quando está no campo de atuação da direita, o mito toma posse de tudo, da justiça, da moral, da literatura, da estética ...

*E o mais importante: o mito precisa de uma certa fraseologia e os slogans têm um papel insubstituível neste contexto.

*A frase feita ajuda a apreender e a justificar o mundo de uma maneira muito mais simples, permitindo uma constatação imediata e sem maiores reflexões.

*Para usar um exemplo típico dos dias de hoje, quando se diz que estamos a caminhar para a ditadura comunista parece a constatação de uma realidade inequívoca.

*Feita a afirmação, referendada por um slogan repetido de forma incessante, não é preciso haver constatação e a historicidade é alijada.

*Mas na verdade estamos frente a um processo de dominação onde o dominado é quem repete essas expressões. 

Fonte: José António Baço - (O texto é de 2014 e o autor é português)
 http://www.tijolaco.com.br/blog/
Fatima Vieira - Psicóloga Clínica

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