sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Ψ ‘Cada um de nós tem seu grão de loucura’ - Judith Miller

Ψ JUDITH MILLER é Filósofa - filha de JACQUES LACAN, (Psicanalista francês de maior influência do século XX), casada com o Psicanalista JACQUES ALAIN - MILLER.

- Judith preside a Fundação do Campo Freudiano, participou no Brasil do V Encontro Americano de Psicanálise de Orientação Lacaniana (V Enapol) e do XVII Encontro Internacional do Campo Freudiano,  sob o tema “A saúde para todos, não sem a loucura de cada um”, em entrevista ao GLOBO refere:

-  No mundo de hoje, em que a indústria farmacêutica vende antidepressivos como bombons e proliferam métodos prometendo “cura” rápida dos problemas,  -  parte numa espécie de cruzada contra a ideia de que se pode (ou deve) apagar o “grão” de loucura que existe em cada ser humano para adaptá-lo às exigências da sociedade de consumo e produção.

- JUDITH critica duramente as chamadas terapias cognitivo-comportamentais (TCC) que, segundo ela, buscam “normalizar” e adaptar o comportamento das pessoas, prometendo a “felicidade”.

- O que bate de frente, explica, com um dos preceitos da psicanálise: Cada um de nós tem seu pequeno grão de loucura.

- Lacan anunciou no seu seminário: “todo mundo é louco”.

- É este grão de loucura que faz com que cada um de nós tenhamos um modo próprio de ser, de abordar as coisas, de reagir. A socialização não pode evitar isso, sustenta ela.

- Neste congresso faz o lançamento do livro: Perspectivas dos ‘Escritos’ e dos ‘Outros escritos’ de Jacques Lacan (Zahar Editora), do Psicanalista Jacques-Alain MILLER.

MILLER acusa os chamados terapeutas comportamentais de tratarem as pessoas como “uma força de trabalho”.

- E quem não se adapta à norma acaba reduzida à categoria de “perigosa para o capitalismo”.
 
- Uma pessoa não pode ser reduzida a um consumidor/ produtor! revolta-se.

- A psicanálise, explica a filha de LACAN, trabalha no sentido oposto: do reconhecimento e aceitação da singularidade de cada pessoa.

 - LACAN inventou um dispositivo em psicanálise chamado “la passe”, através do qual se verifica que, no final de uma análise, a pessoa analisada sabe discernir qual a sua diferença  em relação às outras pessoas. Ou seja: ele vai saber viver com esta diferença em sociedade.

 - A filósofa ataca também as indústrias farmacêuticas e a Organização Mundial de Saúde (OMS), por associarem saúde mental à “felicidade de todos”.

- A “depressão” de hoje, diz, é sobretudo “uma questão comercial”: Querem vender antidepressivos que colocam as pessoas num estado eufórico, quando não há razão de estar eufórico.

- Aos que acreditam em “terapias rápidas que visam erradicar logo os sintomas”, Judith Miller responde com uma frase do pai da psicanálise, Sigmund Freud: sintomas rechaçados pela janela voltam pela porta.

- A psicanálise, diz JUDITH, “não promete a felicidade, mas assegura um desejo de viver esclarecido”. 

(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica)

Nenhum comentário: