sábado, 7 de maio de 2011

A Delicada Relação Social de Trabalho...


COMO ENFRENTAR OS CONFLITOS NA RELAÇÃO SOCIAL DE TRABALHO - ABORDAGEM JUNGUIANA
 - A SOMBRA NAS RELAÇÕES: Composta por tudo que é reprimido a sombra se desenvolve juntamente com outras experiências do Ego desde a infância. O conflito nas relações ocorrem porque projetamos nosso lado mais sombrio sempre que algo nos ameaça ou quando queremos subjugar um indivíduo ou um grupo. Trabalhar com a Sombra, exige compromisso, humildade e perseverança. É um processo lento, difícil e complexo, mas necessário.
- Ela está em todas as relações por ser inerente ao ser humano, mas é na relação de Trabalho que se apresenta da forma mais perversa.

- Inclui tendências, desejos, memórias e experiências que são rejeitadas por incompatibilidade aos padrões ideais e sociais.- Também pode ser tudo que negligenciamos e projetamos no outro através do ciúme e inveja... desencadeadores de conflitos interpessoais.

- A Sombra é positiva quando facilita 'insights' com descobertas profundas sobre a nossa personalidade. O Trabalho com a Sombra pode melhorar a autoaceitação, desativar as emoções negativas que surgem inesperadamente; liberar culpa e vergonha; principalmente, curar nossos relacionamentos através de autoexame e uma comunicação mais autêntica.
- A Sombra é o Arquétipo herdado das formas inferiores de vida através da longa evolução.  É o ARQUÉTIPO mais sombrio pois coloca o ser humano na posição mais instintiva possível na sua escala de evolução.  São nossos desejos sórdidos e arcaicos considerados imorais e violentos inaceitáveis pela sociedade e por nós mesmos.
 - Agrega todos os elementos de identidade que foram "sacrificados" para a adaptação social.
- Desintegrada do Ego, onde potencialmente dele fazia parte, causa ansiedade, uma fenda que precisa ser compreendida e reintegrada. 
Assim se refere JUNG: "Pela assimilação da sombra, o homem como que assume seu corpo, o que traz para o foco da consciência toda a sua esfera animal dos instintos, bem como a psique primitiva ou arcaica, que assim não se deixam mais reprimir por meio de ficções e ilusões." (JUNG,1999).
Para Graf Dürckheim há vários tipos de sombra:
- Sombra I - Repressão da agressividade - A energia bloqueada que não é exteriorizada causa couraças no corpo. A agressividade deve ser transformada construtivamente em criatividade.

Sombra II - Repressão da sexualidade. A repressão da sexualidade não é só a repressão genital da sexualidade, mas a repressão de todas as manifestações de amor: ternura, serviço, devotamento, perdão, gratidão...
. Sombra III - Repressão do feminino independente de ser em um homem ou uma mulher; Segundo Jung, o equilíbrio entre ÂNIMA e ÂNIMUS. Para liberar esses aspectos da personalidade basta o silêncio reflexivo.

 Sombra IV - Repressão da individualidade criadora. Ela é consequência da sociedade contemporânea.
. Sombra V - É a recusa ao ser essencial ou Repressão da Espiritualidade. O ser humano é um ser em busca da transcendência.

- Uma pessoa pode se relacionar com a sombra tanto de forma consciente quanto inconscientemente.- A sombra é observada indiretamente através das projeções feitas nas outras pessoas.
- A sombra se manifesta nos sentimentos exagerados em relação aos outros, no assédio moral, nas brincadeiras obscenas e impróprias, no defeito do outro que incomoda tanto; nas atitudes impulsivas, nos sentimentos exagerados de ciúme, raiva...
- O Ego utiliza alguns recursos para não se confrontar com a sombra.- São os Mecanismos de Defesas inconscientes que atuam mantendo os conteúdos da sombra dissociados da consciência: Na Projeção os alvos são nossos colegas de trabalho, o chefe, os pais, a pessoa amada... A tendência é pensarmos que não somos o problema. Isto porque projetamos nos outros nossos defeitos. Esta é a forma mais comum de vermos nossa sombra, pois não podemos confrontá-la diretamente.
. A NEGAÇÃO é o mecanismo mais arcaico, sem nenhuma elaboração. Simplesmente nega-se a existência do problema.
. Na REPRESSÃO há uma expulsão da consciência dos conteúdos inconvenientes mantendo-os no inconsciente. Assim podemos omitir pensamentos suicidas, homicidas, de inveja...
 

Quando reagimos intensamente às qualidades negativas de uma outra pessoa ou de um grupo e nos surpreendemos pelas nossas reações de grande aversão, pode ser a projeção da nossa sombra nessa pessoa ou nesse grupo.
- Quando somos acometidos de sentimentos de vergonha ou de raiva também podemos estar acessando conteúdos da sombra.
Quando projetamos nos outros a nossa sombra e achamos que certos "defeitos" são dos outros,tendemos a não aceitar aquela pessoa.
- Isto gera no ambiente de trabalho fofocas, brigas, discussões.
- O ambiente de trabalho também contribui para a formação da sombra, quando queremos agradar nosso chefe, nossos colegas e clientes geralmente, escondemos nossos conteúdos desagradáveis como: agressividade, opiniões ousadas, competitividade... Com o tempo estes conteúdos vem à tona gerando conflitos.
- Geralmente passamos mais tempo no trabalho do que com a família, o que faz com que descarreguemos nossas insatisfações nos colegas de trabalho. Há presença da sombra no ambiente de trabalho quando os empregados põem de lado suas ambições pessoais de lazer, intimidade e vida familiar tornando-se compulsivo pelo trabalho. Isto resulta em um estilo de vida desequilibrado.

- Se o empregado compulsivo trabalha em uma empresa que incentiva este comportamento a sombra do empregado e da empresa estão alinhadas. Há também o alinhamento das sombra quando um chefe arrogante, insensível e autoritário tem um subordinado submisso. O subordinado projeta no chefe a sua vontade de poder, de arrogância e de competência.
  Ele deve se sentir inseguro perto do chefe o que provavelmente reforça a imagem familiar de si mesmo.
- A motivação do empregado também está ligada ao conteúdo da sombra. Isto ocorre, por exemplo, quando um empregado para subir na empresa precisa negar suas qualidades compassivas e "pisar nos outros".
Quando ele está no topo, provavelmente, irá operar com o lado sombra.

- John R. O´neill, um dos autores do livro "Ao encontro da Sombra", afirma que para sustentar o aprendizado e o crescimento das organizações o primeiro problema a ser evitado seja a arrogância.
- Segundo ele, quando a arrogância está em ação, paramos de aprender.
- Precisamos estar no comando – isso é sinal de insegurança reprimida;

- O ego inflado ignora a sombra que, com sua fúria escura e misteriosa ameaça e maltrata os outros e a si mesmo.
- Há sinais de arrogância quando achamos que somos dotados de talentos especiais, isso nos leva a fazer avaliações tendenciosas sobre os outros e achar que não cometemos erros.

- Matamos o mensageiro - ocorre quando uma pessoa traz informações contrárias à nossa e a acusamos de excêntrica, invejosa ou incapaz de captar o panorama geral;
- Nossa moral é mais elevada que a dos outros – ocorre quando aqueles que pensam diferente são rotulados de errados, maus ou inimigos; neste caso a arrogância vem disfarçada de bondade.- Os Gerentes e Recursos Humanos geralmente negligenciam os problemas da sombra individual e organizacional. Estes problemas deveriam ser trabalhados nas empresas como forma de diminuirem os conflitos interpessoais.
- Quando projetamos nos outros a nossa sombra e achamos que certos "defeitos" são dos outros tendemos a não aceitar aquela pessoa. Isto gera no ambiente de trabalho fofocas, brigas, hostilidades.
- Geralmente passamos mais tempo no trabalho do que com a família, o que faz com que descarreguemos nossas insatisfações nos colegas de trabalho.
- Uma maneira de solucionar conflitos é através do confronto com a sombra. Ao ser confrontada, diminui seu tamanho podendo tornar-se uma força positiva, possibilitando que se aprenda com os erros.
- Existem caminhos para se observar a composição da sombra: Pedir que nos digam como nos vêem: vale um amigo, namorado, esposa, um colega de trabalho confiável.

- Se alguma característica for muito perturbante e reagirmos com intransigência provavelmente estamos no território da sombra pessoal.
- Descobrir o conteúdo das nossas projeções: devemos verificar quais os traços, características e atitudes que nos desagradam nos outros e com que intensidade. As projeções podem ser positivas ou negativas; Examinar nosso lapsos verbais e de comportamento e investigar o que realmente acontece quando somos vistos de modo diferente do que pretendíamos: os lapsos podem ser manifestações da sombra;
- Analisar nosso senso de humor e nossas identificações: os gracejos podem ser manifestações das verdades da sombra. As pessoas destituías de senso de humor e acham poucas coisas engraçadas são pessoas que negam e reprimem a sombra.
- Estudar nosso sonhos, devaneios e fantasias: a sombra aparece nos nossos sonhos como uma pessoa do mesmo sexo. No sonho reagimos à sombra com medo, antipatia ou aversão ou ainda como se ela fosse uma pessoa inferior; a sombra pode aparecer também nos pensamentos e fantasias de violência, sexo, poder e riqueza.
- Uma vez confrontada, o próximo passo é aceitá-la. Aceitar que determinada característica faz parte de nós. A aceitação de si mesmo é a essência do problema moral e o resumo de toda uma visão de vida. Devemos assumir a responsabilidade pelas projeções da nossa sombra.

Assumindo essa responsabilidade pode-se reverter a direção da projeção e fazer aos outros, com gentileza, aquilo que fazemos a nós mesmos com muita crueldade.
- Do confronto com a sombra podemos nos deparar com sentimentos reprimidos na infância, como por exemplo raiva, ciúme, medo. Esses sentimentos reprimidos ao longo da vida resultam nas doenças psicossomáticas. 

 Entrar em contato com as frustrações causadas na infância faz com que o corpo relaxe as tensões já que não é necessários manter os sentimentos reprimidos.
- Cada um de nós temos potencial para sermos destrutivos e criativos. O reconhecimento dos inimigos sombrios dentro de nós é o início de uma transformação. Nenhum dos aspectos da sombra pode ser transformado sem que primeiro o aceitemos e o dotemos de realidade.
- Ao desenvolvermos um relacionamento progressivo com a sombra podemos alcançar um equilíbrio entre a unilateralidade das nossas atitudes conscientes e as nossas profundezas inconscientes.
- Podemos escolher melhorar nossa relação de trabalho.

- As relações de trabalho melhoram bastante quando se trabalha a sombra. As empresas deveriam investir mais em Psicoterapia e Auto-Conhecimento para seus funcionários, isto com certeza iria diminuir não só os conflitos como também o número de faltas por doenças nas instituições.
- Uma simples palestra sobre o trabalho com a sombra já despertaria muito interesse nos funcionários em conhecer a si mesmo e a prestar mais atenção nas projeções podendo diminuir os conflitos.

Referência Bibliográfica: Cátia Virginia Silva Gonçalves Varjão - Monografia - CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TERAPIA TRANSPESSOAL
. HALL, James A.. Jung e a interpretação dos sonhos. 1 ed. São Paulo: Cultrix, 1987.
. JUNG, Carl Gustav. Ab-reação, análise de sonhos, transferência. 4 ed. São Paulo, Petrópolis: Vozes,1999.
. JUNG, Carl Gustav. Memórias, Sonhos, Reflexões. 1. ed. Especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.
. LELOUP, Jean-Yves; BOFF, Leonardo. Terapeutas do deserto: de Fílon de Alexandria e Francisco de Assis a Graf Dürckheim. 9 ed. Petrópolis: Vozes,1997.
. ZWEIG, Connie e ABRAMS, Jeremiah (ORGS). Ao encontro da sombra: o potencial oculto do lado escuro da natureza humana. 5 ed.
(Fatima Vieira - Psicóloga Clínica )

Nenhum comentário: