quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Do Casamento e dos Filhos - em Assim Falou Zaratustra - Nietzsche

"Tenho uma pergunta somente para ti, meu irmão; e a lanço como uma sonda na tua alma, para que eu aprenda quão profunda ela é. És jovem e desejas filhos e casamento. Pergunto-te: és um ser com o direito de desejar um filho?

És o vitorioso, o vencedor de ti mesmo, o dominador dos sentidos, o senhor das tuas virtudes? Ou não será que, em teu desejo falam o animal e a necessidade? Ou a solidão? Ou a discórdia consigo mesmo?

Quero que a tua vitória e a tua liberdade anseiem por um filho. Monumentos vivos, deves construir, à tua vitória e libertação.

Deves construí-lo acima e para além de ti mesmo. Mas, antes, precisas tu mesmo ser construído. Não somente para a frente, deves propagar-te, mas para o alto! Que isso te ajude o jardim do casamento!

Casamento: assim chamo a vontade a dois de criar um ser que seja mais do que aqueles que o criaram. Respeito mútuo, chamo ao casamento... Aquilo porém, que os supérfluos chamam de casamento - como hei de chamar-lhe ?

Ah! essa pobreza de alma a dois! e dizem que que seus casamentos foram decididos no céu! Não gosto deste céu dos supérfluos.

(...) muitas breves tolices - a isso chamai amor. E vosso casamento acaba com as muitas breves tolices numa única e longa estupidez."

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